Inquérito de Testemunhas Concretas (2022)
O Inquérito de Testemunhas Concretas nasce da necessidade de investigar a sobrevivência de uma tradição autoritária na política brasileira através da paisagem de minha cidade natal, Porto Alegre.
Do golpe militar que proclamou a república (1889) às ameaças à democracia nos anos recentes, as forças armadas brasileiras atacam constantemente a sociedade civil, a soberania popular e os direitos humanos. Este trabalho busca localizar, visualizar e imaginar sintomas desse longo processo histórico através da atenção à formas concretas e simbólicas que constituem a cidade.
Esse esforço toma forma de fotografias através de três estratégias: A primeira consiste na produção de imagens que apresentam 6 viadutos construídos na cidade durante a ditadura cívico-militar (1964-1985). A segunda atenta para o território da Avenida Presidente Castello Branco, principal via de acesso à cidade, que hoje homenageia o marechal que organizou o golpe militar de 1964. A terceira resulta em imagens abstratas que mostram superfície asfáltica de avenidas cuja construção foi iniciada no período da ditadura do Estado Novo (1937-1945) e foram concluídas no período da ditadura cívico-militar.
Além das fotografias, parte importante do projeto é o Painel de Correspondências: uma instalação em constante mudança que coloca imagens da paisagem de Porto Alegre ao lado de elementos coletados em uma grande pesquisa documental, um esforço de contextualização das estruturas apresentadas nas fotografias. O Painel propõe a montagem de uma estrutura onde a paisagem se justapõe com imagens de imprensa, reproduções de obras de arte, mapas e calendários. A instalação também inclui textos: trechos de romances, biografias e livros didáticos, além de ensaios que escrevi.
A interação entre o Painel e as fotografias busca produzir uma experiência mitológica da cidade por meio de uma rede ambígua de textos e imagens. Neste projeto, os elementos ordinários da paisagem atuam como pontos privilegiados a partir dos quais é possível contemplar correspondências largamente dispersas no tempo e no espaço. Assim, o Inquérito busca propor relações entre elementos diversos, posicionar-se diante da história e projetar novos significados sobre a paisagem.
Em Caso de Emergência (17/09/2022)
MAC-RS
Casa de Cultura Mário Quintana
17/09/2022 a 13/11/2022
individual
Em Caso de Emergência é uma exposição coletiva, com curadoria de Alexandre Santos, Camila Schenkel e Charles Monteiro, apresentada no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC-RS). "A presença do medo, da insegurança, das visões turvas, das catástrofes naturais e das lutas entre equilíbrios e desequilíbrios de toda ordem" comentam os curadores "são aspectos que atravessam as poéticas dos trabalhos que aqui apresentamos, evidenciando a contribuição da imagem fotográfica e suas derivações para lidar com os limites que desafiam os modos a partir dos quais habitamos e nos posicionamos no mundo."
Para a mostra, foi elaborada uma montagem da instalação Túnel da Conceição: O ponto de partida foi um arranjo de 3 fotografias impressas e emolduradas, já apresentadas na exposição individual Inquérito de Testemunhas Concretas, que mostram o Túnel da Conceição, estrutura viária construída na cidade de Porto Alegre no período da ditadura civil-militar (1964-1985). Às fotografias foi justaposto uma prancha de cortiça que recebeu uma versão compacta das obras Painel de Correspondências e Carta Histórico-Topográfica da Cidade de Porto Alegre, procurando subsidiar o estabelecimento de relações entre a paisagem e a história.
Na imprensa:
Em Caso de Emergencia, MAC-RS
Museu de Arte Contemporânea do RS recebe exposição “Em Caso de Emergência”, Matinal Jornalismo
Exposição Em Caso de Emergência fica até 13/11 no Museu de Arte Contemporânea do RS, Instituto de Artes
Inauguração da exposição “Em Caso de Emergência” acontece neste sábado, UFRGS
Inquérito de Testemunhas Concretas (Exposição) (02/08/2022)
Instituto de Artes da UFRGS
Pinacoteca Barão de Santo Ângelo
02/08/2022 a 26/08/2022
individual
Inquérito de Testemunhas Concretas é uma exposição individual que apresentou pela primeira vez as obras do projeto homônimo. Com curadoria de Maria Ivone dos Santos, o objetivo da exposição foi tornar visível a sobrevivência de uma tradição política autoritária no Brasil contemporâneo por meio da combinação de imagens de diversos estatutos.
O eixo central da exposição é um conjunto de fotografias em preto e branco, impressas e emolduradas em grandes formatos, mostrando viadutos construídos na cidade de Porto Alegre durante a ditadura civil-militar (1964-1985). De forma semelhante, são apresentadas as imagens abstratas produzidas a partir da superfície asfáltica das principais avenidas da cidade, cuja construção foi concluída durante aquela ditadura.
Uma imagem única colorida é apresentada de maneira (cercada por uma moldura branca e protegida por vidro): um registro fotográfico digitalmente manipulado mostra uma placa de trânsito sem nenhum texto. Trata-se da obra Av. Presidente Castello Branco, cujo título remete ao texto apagado da placa. Até hoje, o nome da avenida mais importante da cidade homenageia um ditador.
O Painel de Correspondências também aparece na exposição, em sua primeira apresentação pública. Em 32 folhas de papel marfim, fixadas diretamente na parede da galeria com ímans, esta instalação apresenta imagens e textos de diferentes origens, num esforço de contextualização e correspondência entre os viadutos apresentados nas fotografias e os contextos históricos que os atravessam.
Um mapa, a Carta Histórico-Topográfico da Cidade de Porto Alegre, soma-se ao esforço de imaginação histórica da paisagem. Este trabalho aponta, em uma carta cuidadosamente desenhada, diversos processos distintos que conformam a cidade, como os sistemas de proteção colonial e moderno, as rodovias e a avenida Presidente Castello Branco. Os viadutos apresentados nas impressões de grande formato também podem ser localizados no mapa.
Por fim, a instalação E-0: Design and management of a facility também é apresentada nesta exposição. Embora a tenha sido produzida em um projeto diferente, essa obra foi adicionada à exposição por sua contribuição à reflexão sobre a natureza entrelaçada de processos como o autoritarismo e o colonialismo na América Latina.